Meu pai retirou seu celular do bolso e ligou pro seu amigo e sócio. Ele era advogado e tinha um escritório junto com Arthur.
Arthur vou chegar um pouco atrasado hoje ok. Estou com uns probleminhas aqui em casa, mas logo estarei aí. Se chegar algum cliente meu você fala pra aguardar um pouco. Até logo.
Sem dar chance de resposta e diálogo à seu amigo, ele desligou o telefone e voltou-se a mim.
Começa a falar. Você está namorando há quanto tempo? A moça está grávida. Só pode ser isso. Por isso que não param de chorar. Como Carlos? Me diz como você deixou isso acontecer? Com tantas formas escancaradas de prevenção. Pelo amor de...
Chegaaa!
Dessa vez fui eu quem gritou. Meu pai ficou perplexo por eu ter falado alto com ele. Era visível em seu olhar.
Pára com isso. Como você pode tirar essas conclusões ridículas. Você só pensa no seu trabalho. Você não sabe nada sobre mim e não tem o menor interesse em saber. E agora se acha no direito de me interrogar, de querer esclarecer minha vida. Dá um tempo. Não quero conversar com o senhor. Vai trabalhar que é melhor.
Eu disse que não vou sair daqui hoje enquanto essa situação não se resolver.
Ótimo. Fique então o senhor aí... Sozinho, porque eu estou saindo.
Volta aqui Carlos. Eu não vou perder meu cliente hoje por sua causa.
Eu sei que não. Seu cliente é mais importante que seu filho. É por isso que o deixo à vontade pra ir trabalhar.
Olhei bem nos seus olhos...
Quem sabe um dia o senhor mereça me ouvir.
Dei as costas. Arrebentei a porta da sala e tomei o caminho da rua. Ao longe podia ouvir meu pai gritando pra que eu voltasse. Sequer olhei para trás...
Nenhum comentário:
Postar um comentário